O risco de falência renal é maior em pessoas com doença renal crónica que padecem simultaneamente de fibrilação auricular – uma das mais conhecidas formas de arritmia cardíaca nos adultos. Esta associação é sustentada pelos resultados de uma investigação levada a cabo por cientistas da Universidade da California, São Francisco (UCSF), com o auxílio da Kaiser Permanente Northern California Division of Research. Publicado no final de Dezembro no site da publicação Circulation, este estudo “abre portas a investigações mais aprofundadas em torno da relação entre estes dois fatores”, que “podem conduzir a novas opções de tratamento” com vista a melhorar a qualidade de vida das pessoas com doença renal crónica, segundo o site oficial da UCSF. Contexto Várias pessoas que sofrem de doença renal crónica perdem progressivamente a sua função renal e desenvolvem eventualmente a condição de estágio final desta doença – a falência completa dos rins. Nesta fase, necessitam de diálise para toda a vida ou de um transplante renal. Os médicos sabiam que os pacientes com doença renal crónica habitualmente têm fibrilação auricular, sendo mais propensos, nesse caso, a ter um enfarte ou a morrer. Contudo, ainda não é conhecido o impacto a longo-prazo da fibrilação auricular na função renal dos doentes renais crónicos. O novo estudo abrangeu 206.229 adultos com doença renal crónica, membros do Kaiser Permanente Division of Research [KPDR], um vasto sistema de cuidados integrados de saúde norte-americano. Ao longo de cerca de 5 anos, aproximadamente 16.400 pacientes desenvolveram este tipo de arritmia. Destes, 67% estariam, de acordo com esta investigação, mais propensos a progredir para o estágio final da doença renal, do que aqueles que tinham a doença renal crónica, mas que não desenvolveram fibrilação auricular. Nisha Bansal, especialista e professora assistente na divisão de Nefrologia da Universidade da Califórnia, afirmou, a propósito destes números, que estes novos dados trazem atrelados um conhecimento importante para próximas investigações, por ressaltarem que a fibrilação auricular está relacionada com um prognóstico renal mais grave nos pacientes com disfunção renal subjacente. Por sua vez, Alan S. Go, do KPDR, lembra que há ainda muita matéria para ser alvo de investigação: “Há uma lacuna no conhecimento sobre o impacto a longo prazo da fibrilação auricular no risco de [se sucederem] efeitos adversos relacionados com os rins em pacientes com doença renal crónica”. “Este estudo expressa essa lacuna e pode ter implicações importantes para a gestão clínica, por providenciar melhor informação de prognóstico e por conduzir a trabalhos futuros que possam determinar como melhorar os resultados neste grupo de pacientes de alto risco”, acrescenta Go. Uma realidade multifacetada As pessoas que padecem de doença renal crónica podem ser posicionadas num espectro, relativamente à severidade da doença. Num extremo estão aquelas que têm menor perda da função renal. Podem não ter quaisquer sintomas e, apenas através de um simples exame de sangue, é que os médicos podem diagnosticar apropriadamente a doença. No outro extremo do espectro estão as pessoas que progrediram para o estágio final da doença renal, aquelas que estão a caminho da falência renal. Este tipo de paciente requer um tratamento de diálise para toda a vida ou um transplante renal. Algumas pessoas avançam rapidamente para o estágio final, enquanto outras podem viver décadas sem que a evolução seja percebida. Atualmente, os médicos estão interessados em compreender os fatores que sujeitam os pacientes a um maior risco de atingir o estágio final da doença renal. Nisha Bansal afirmou, a propósito, que pode ser possível identificar estes factores através da medicação ou das mudanças de estilo de vida como a dieta ou o exercício. A investigadora defendeu, contudo, que, enquanto as duas condições estiverem enleadas, os cientistas não saberão exatamente que genes específicos, caminhos e mecanismos biológicos associam a arritmia cardíaca ao declínio da função renal.
segunda-feira, 31 de março de 2014
ARRITMIA CARDÍACA ELEVA RISCO DE FALÊNCIA RENAL, DEFENDE ESTUDO
O risco de falência renal é maior em pessoas com doença renal crónica que padecem simultaneamente de fibrilação auricular – uma das mais conhecidas formas de arritmia cardíaca nos adultos. Esta associação é sustentada pelos resultados de uma investigação levada a cabo por cientistas da Universidade da California, São Francisco (UCSF), com o auxílio da Kaiser Permanente Northern California Division of Research. Publicado no final de Dezembro no site da publicação Circulation, este estudo “abre portas a investigações mais aprofundadas em torno da relação entre estes dois fatores”, que “podem conduzir a novas opções de tratamento” com vista a melhorar a qualidade de vida das pessoas com doença renal crónica, segundo o site oficial da UCSF. Contexto Várias pessoas que sofrem de doença renal crónica perdem progressivamente a sua função renal e desenvolvem eventualmente a condição de estágio final desta doença – a falência completa dos rins. Nesta fase, necessitam de diálise para toda a vida ou de um transplante renal. Os médicos sabiam que os pacientes com doença renal crónica habitualmente têm fibrilação auricular, sendo mais propensos, nesse caso, a ter um enfarte ou a morrer. Contudo, ainda não é conhecido o impacto a longo-prazo da fibrilação auricular na função renal dos doentes renais crónicos. O novo estudo abrangeu 206.229 adultos com doença renal crónica, membros do Kaiser Permanente Division of Research [KPDR], um vasto sistema de cuidados integrados de saúde norte-americano. Ao longo de cerca de 5 anos, aproximadamente 16.400 pacientes desenvolveram este tipo de arritmia. Destes, 67% estariam, de acordo com esta investigação, mais propensos a progredir para o estágio final da doença renal, do que aqueles que tinham a doença renal crónica, mas que não desenvolveram fibrilação auricular. Nisha Bansal, especialista e professora assistente na divisão de Nefrologia da Universidade da Califórnia, afirmou, a propósito destes números, que estes novos dados trazem atrelados um conhecimento importante para próximas investigações, por ressaltarem que a fibrilação auricular está relacionada com um prognóstico renal mais grave nos pacientes com disfunção renal subjacente. Por sua vez, Alan S. Go, do KPDR, lembra que há ainda muita matéria para ser alvo de investigação: “Há uma lacuna no conhecimento sobre o impacto a longo prazo da fibrilação auricular no risco de [se sucederem] efeitos adversos relacionados com os rins em pacientes com doença renal crónica”. “Este estudo expressa essa lacuna e pode ter implicações importantes para a gestão clínica, por providenciar melhor informação de prognóstico e por conduzir a trabalhos futuros que possam determinar como melhorar os resultados neste grupo de pacientes de alto risco”, acrescenta Go. Uma realidade multifacetada As pessoas que padecem de doença renal crónica podem ser posicionadas num espectro, relativamente à severidade da doença. Num extremo estão aquelas que têm menor perda da função renal. Podem não ter quaisquer sintomas e, apenas através de um simples exame de sangue, é que os médicos podem diagnosticar apropriadamente a doença. No outro extremo do espectro estão as pessoas que progrediram para o estágio final da doença renal, aquelas que estão a caminho da falência renal. Este tipo de paciente requer um tratamento de diálise para toda a vida ou um transplante renal. Algumas pessoas avançam rapidamente para o estágio final, enquanto outras podem viver décadas sem que a evolução seja percebida. Atualmente, os médicos estão interessados em compreender os fatores que sujeitam os pacientes a um maior risco de atingir o estágio final da doença renal. Nisha Bansal afirmou, a propósito, que pode ser possível identificar estes factores através da medicação ou das mudanças de estilo de vida como a dieta ou o exercício. A investigadora defendeu, contudo, que, enquanto as duas condições estiverem enleadas, os cientistas não saberão exatamente que genes específicos, caminhos e mecanismos biológicos associam a arritmia cardíaca ao declínio da função renal.
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