As condições no útero de uma mulher podem afectar o desenvolvimento do rim e ter sérias implicações para a saúde de uma criança, não apenas imediatamente a seguir ao nascimento, mas também décadas depois. A conclusão é de um estudo, publicado no final de maio no “journal” The Lancet, levado a cabo por uma equipa de investigadores australianos. Após
acumulação e revisão por investigadores da Universidade de Queensland e de Monash de evidência científica realizada neste âmbito, cientistas australianos, orientados pelo Professor John Bertam, associaram o baixo peso de um recém-nascido e a prematuridade – factores de risco de vir a ter pressão arterial elevada e contrair a doença renal crónica mais tarde na vida – a valores reduzidos de nefrónios. Os nefrónios são unidades funcionais dos rins, responsáveis pela regulação da pressão arterial e pelas filtragem e excreção de substâncias tóxicas do sangue e pela produção de urina.
Na Austrália, cerca de 30% da população adulta tem a pressão arterial elevada. Um em cada nove adultos tem um sintoma clínico de doença renal crónica. A incidência de ambas as doenças é significativamente superior nas populações indígenas, lembra o portal Science Daily. A evitar: Antibióticos, gorduras, “O rim é particularmentesensível à vida antes do nascimento, porque paramos de produzir nefrónios às 36 semanas de gestação. Portanto, para um bebé nascido no tempo previsto, o processo de formação de nefrónios termina e não pode ser recomeçado”. As palavras são do professor Bertram, chefe do Departamento de Anatomia e Biologia do Desenvolvimento, um dos principais investigadores neste trabalho e que estuda há duas décadas nefróns. Os humanos nascem com uma média de um milhão de nefrónios e perdem até 6000 cada ano. Os resultados da investigação agora publicados revelam que há uma grande variação no número de nefrónios – entre pouco mais de 200 mil e cerca de dois milhões. Além disso, o número de nefrónios está positivamente relacionado com o peso no momento do nascimento – um baixo peso à nascença equivale a um número baixo de nefrónios. Acontece também o contrário: quanto mais forte for o bebé, mais nefrónios tem. Uma vez que o baixo peso à nascença acontece em 15% dos nados vivos em todo o mundo, o estudo tem implicações na saúde da mãe e nos processos clínicos de monitorização dos pacientes. “Em termos de saúde materna durante a gravidez, coisas como dietas ricas em gorduras, consumo de álcool, antibióticos e cortisol têm revelado ter um impacto negativo no desenvolvimento do rim fetal, embora sejam necessárias mais investigações [neste âmbito]”, acrescentou Bertram. Proactividade na prevenção “Podemos ser pró-activos na detecção destas doenças nos primeiros estádios”, defende o especialista que dirige esta investigação.
Alerta-nos ainda para termos cuidado com as aparências: “Embora um recém-nascido possa parecer perfeito, se o seu peso de nascimento for baixo, poderão verificar-se consequências quarenta anos depois”. As recomendações continuam: “Dadas as fortes associações entre o peso à nascença, o número de nefrónios e a doença mais tarde na vida, e sendo um facto que o peso dos recém-nascidos é registado regularmente em muitos países, sugerimos que [esse] peso possa ser um parâmetro que os médicos usem para determinar o quão frequentemente um paciente é examinado no que toca à função renal ou face a um teste de pressão arterial.” Fonte: Science Daily
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