sexta-feira, 21 de novembro de 2014

HISTÓRIA DA DIÁLISE (PARTE 2) ANOS 1960: A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA QUE ILUMINOU OS DOENTES RENAIS CRÓNICOS

Só em 1960 é que o primeiro doente com Insuficiência Renal Crónica se submeteu a um tratamento regular, de uma a duas vezes por semana. Viveu mais onze anos. Conheçamos a importância do físico norte-americano Belding Scribner para este caso em concreto e para o desenvolvimento da hemodiálise em geral, depois de passarmos pela Guerra da Coreia e pela ultrafiltração vinda da Suécia.


Depois de “aterrar” no Peter Bent Brigham Hospital, em Boston, em meados dos anos 1940, o dialisador de Willem Kolff foi alvo de uma série de melhorias técnicas.

O médico holandês que concebeu o célebre “cilindro rotativo” contribuiu com uma maquete para redesenhar o seu rim artificial, a pedido do físico George W. Thorn – médico naquela unidade hospitalar americana e também protagonista desta História na década seguinte, ao participar no primeiro transplante renal com final feliz.


Desta colaboração transatlântica resultou um passo em frente na trajetória da Diálise: a construção de um rim em aço inoxidável, que levou o carimbo de “Máquina de Diálise de Kolff-Brigham”, pronta em 1948. Era a versão aperfeiçoada do trabalho pioneiro de Kolff, materializada pelo engenheiro Edward Olson. Quarenta exemplares desta máquina seriam distribuídos pelos quatro cantos do mundo.


Um dos cantos que recebeu este rim artificial, numa fase inicial, foi a Coreia. Durante a Guerra da qual saiu a divisão de um país em dois, o dialisador Kolff-Brigham serviu de recurso para tratar os soldados americanos feridos, aliados dos coreanos do sul.


No início do conflito, morriam oito em cada dez soldados com insuficiência renal pós-traumática. Perante um número tão elevado de baixas, um médico militar familiarizado com a nova máquina, levou um exemplar para um hospital de campanha na Coreia, onde se realizaram 72 tratamentos para dialisar 31 pacientes. Sob condições extremas, a diálise permitiu aumentar significativamente a média da taxa de sobrevivência dos doentes severos e fazer os médicos ganharem tempo para procedimentos clínicos adicionais.


nternational Society for Hemodialysis




A novidade da ultrafiltração



Um ano antes do lançamento da máquina Kolff-Brigham, o professor sueco Nils Alwall publicava um artigo científico em que descrevia um dialisador desenvolvido entre 1942 e 1947 que combinava os processos necessários de diálise e ultrafiltração [remoção de líquido através de um gradiente de pressão hidrostática, como ocorre na hemodiálise, ou pressão osmótica, no caso da diálise peritoneal] – feito que o primeiro rim artificial de Kolff ainda não tinha alcançado.



Semelhante ao segundo rim artificial do médico holandês, este dispositivo era introduzido num recipiente em aço inoxidável. Esta máquina permitia a remoção de fluídos, ao aplicar uma pressão negativa para um outro recetáculo exterior.


Em suma: estamos perante o primeiro dispositivo verdadeiramente prático de hemodiálise. Entre 1946 e 1960, os “shunts” arteriovenosos de vidro para a diálise e o dialisador da autoria de Alwall estiveram ao serviço do tratamento de 1500 pacientes com insuficiência renal, segundo o primeiro Congresso Internacional de Nefrologia, que aconteceu em Setembro de 1960 em Evian, em França.

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