
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
HISTÓRIA DA DIÁLISE (PARTE 3) DOS PRIMEIROS ESTUDOS DO PERITONEU À DIÁLISE PERITONEAL
A Diálise Peritoneal – um dos tratamentos disponíveis da Insuficiência Renal Crónica – tem, a nível mundial, menos adeptos do que a hemodiálise. A chamada “auto-diálise” é escolhida por cerca de 10% dos doentes renais. Conhecemos a história deste método experimentado pela primeira vez num humano com uremia em 1923?
A primeira referência à cavidade peritoneal pode encontrar-se num dos primeiros tratados médicos, o papiro de Ebers, surgido no Egito por volta de 1550 a.C. A literatura recorda que físicos proeminentes da antiguidade observavam o peritoneu nos abdómens abertos dos gladiadores feridos. Os primeiros anatomistas e cirurgiões descreveram a extensão da membrana peritoneal, mas não a sua função ou estrutura.
Foi preciso chegar ao século XVIII d.C. para acedermos ao conceito inicial da diálise peritoneal. Christopher Warrick, um cirurgião inlês, surgiu com este novo tratamento no início da década de 1740, mesmo que numa fase embrionária.
Em 1877 o alemão G. Wegner levou a cabo as primeiras experiências em animais, de modo a observar os processos metabólicos de transporte em curso no peritoneu. Injetou soluções com várias substâncias a diferentes temperaturas em coelhos e descobriu que uma solução de concentrado de açúcar traduzir-se-ia num aumento de fluído na cavidade abdominal. Estava encontrada a base para a utilização do peritoneu na remoção de fluídos do corpo – a ultrafiltração peritoneal, em suma.
Cerca de vinte anos mais tarde, dois ingleses – o fisiologista Ernest Heny Starling e o cirurgião Alfred Herbert Tubby chegariam à conclusão que a remoção de fluídos, via do peritoneu, era efetuada pelos vasos sanguíneos nesta membrana.
Como e quando chegamos à diálise peritoneal em seres humanos? Há uma tentativa precursora em 1744 que deve ser assinalada. Sob a batuta do fisiologista inglês Stephen Hales deu-se a primeira “lavagem peritoneal” numa mulher de 50 anos com ascite, uma acumulação de fluídos na cavidade do peritoneu. Como? Através da infusão de uma solução de água e vinho (50%-50%) no abdómen, com recurso a um tubo de couro. Acreditava-se à altura que o vinho tinha um efeito antibacteriano. A senhora reagiu de forma tão violenta que a terapia teve que ser descontinuada depois de três tratamentos. Em pouco tempo a paciente recuperou da ascite.
É, porém, na Alemanha, em 1923, que se dá a primeira diálise peritoneal numa pessoa com uremia na Universidade de Wurtzburgo. Quem comanda as operações é Georg Ganter – que via com olhos cépticos a hemodiálise tal como concebida por Georg Haas e Heinrich Necheles. Procura, neste sentido, uma alternativa para o tratamento de pessoas com doença renal. A resposta, encontrou-a no peritoneu, primeiro estudando-o em porquinhos-da-Índia e coelhos.
Uma infusão de um litro e meio de uma solução fisiológica – com a mesma concentração de sal do sangue humano – no abdómen de uma mulher que sofria obstrução do trato urinário. Eis a imagem da primeira aplicação clínica da diálise peritoneal em pessoas com uremia. Se é um facto que o tratamento aliviou os sintomas da paciente temporariamente, também é verdade que esta faleceu pouco tempo depois.
Entre 1924 e 1938, nos Estados Unidos da América e na Alemanha, uma série de equipas realizaram os primeiros tratamentos de diálise peritoneal repetidos regularmente e provaram que este procedimento podia ser um substituto a curto-prazo para a função natural dos rins.
Porcelana, metal, latex e vidro – materiais esterilizáveis – foram os recursos escolhidos nos anos seguintes para garantir condições higiénicas razoáveis durante este tipo de diálise. Ainda assim, este método foi pouco solicitado, especialmente por não haver na altura um método seguro de aceder ao abdómen do paciente.
Um avanço chamado… Catéter
É o catéter que vai resolver o problema da segurança deste tipo de tratamento destinado a pessoas com insuficiência renal. E tivemos na história do século XX três importantes passos na evolução deste instrumento auxiliar. Desde o catéter flexível de Arthur Grollman, de 1952, em contraponto ao tubo rígido utilizado até então, até ao catéter permanente de silicone de Henry Tenckhoff, patenteado em 1968, passando pelo dispositivo desenvolvido por Paul Doolan em 1959, em polietileno.
Nesse mesmo ano, o físico Richard Ruben empreendeu a primeira diálise peritoneal durante um período de seis meses, utilizando o catéter Doolan, bem como um catéter permanente que pudesse manter-se na cavidade abdominal. Esta experiência revelou que os investigadores não estavam apenas apostados em tratar pacientes com doenças agudas, mas também pacientes com falência renal crónica. Porém ainda estávamos na fase da diálise peritoneal intermitente.
Três anos depois o holandês Fred Boen descrevia a primeira máquina de diálise peritoneal automática.
Também em 1964 foi introduzida a “técnica de punção repetida”. Consistia em colocar um novo cateter na cavidade abdominal em cada tratamento, um procedimento desgastante, para o doente.
O catéter permanente de Tenckhoff é introduzido em 1968 e acaba por ser instrumental na aceitação a uma maior escala da diálise peritoneal. Este cateter ainda utilizado hoje em dia.
Como complemento ao catéter, o desenvolvimento de sacos e tubos também acabariam por contribuir para o sucesso a longo prazo deste tipo de tratamento.
Palmer (1980) , Mcbride (1980?) , ISPD (1987), Krediet (2007) , Oreopoulos (2008)
A primeira referência à cavidade peritoneal pode encontrar-se num dos primeiros tratados médicos, o papiro de Ebers, surgido no Egito por volta de 1550 a.C. A literatura recorda que físicos proeminentes da antiguidade observavam o peritoneu nos abdómens abertos dos gladiadores feridos. Os primeiros anatomistas e cirurgiões descreveram a extensão da membrana peritoneal, mas não a sua função ou estrutura.
Foi preciso chegar ao século XVIII d.C. para acedermos ao conceito inicial da diálise peritoneal. Christopher Warrick, um cirurgião inlês, surgiu com este novo tratamento no início da década de 1740, mesmo que numa fase embrionária.
Em 1877 o alemão G. Wegner levou a cabo as primeiras experiências em animais, de modo a observar os processos metabólicos de transporte em curso no peritoneu. Injetou soluções com várias substâncias a diferentes temperaturas em coelhos e descobriu que uma solução de concentrado de açúcar traduzir-se-ia num aumento de fluído na cavidade abdominal. Estava encontrada a base para a utilização do peritoneu na remoção de fluídos do corpo – a ultrafiltração peritoneal, em suma.
Cerca de vinte anos mais tarde, dois ingleses – o fisiologista Ernest Heny Starling e o cirurgião Alfred Herbert Tubby chegariam à conclusão que a remoção de fluídos, via do peritoneu, era efetuada pelos vasos sanguíneos nesta membrana.
Como e quando chegamos à diálise peritoneal em seres humanos? Há uma tentativa precursora em 1744 que deve ser assinalada. Sob a batuta do fisiologista inglês Stephen Hales deu-se a primeira “lavagem peritoneal” numa mulher de 50 anos com ascite, uma acumulação de fluídos na cavidade do peritoneu. Como? Através da infusão de uma solução de água e vinho (50%-50%) no abdómen, com recurso a um tubo de couro. Acreditava-se à altura que o vinho tinha um efeito antibacteriano. A senhora reagiu de forma tão violenta que a terapia teve que ser descontinuada depois de três tratamentos. Em pouco tempo a paciente recuperou da ascite.
É, porém, na Alemanha, em 1923, que se dá a primeira diálise peritoneal numa pessoa com uremia na Universidade de Wurtzburgo. Quem comanda as operações é Georg Ganter – que via com olhos cépticos a hemodiálise tal como concebida por Georg Haas e Heinrich Necheles. Procura, neste sentido, uma alternativa para o tratamento de pessoas com doença renal. A resposta, encontrou-a no peritoneu, primeiro estudando-o em porquinhos-da-Índia e coelhos.
Uma infusão de um litro e meio de uma solução fisiológica – com a mesma concentração de sal do sangue humano – no abdómen de uma mulher que sofria obstrução do trato urinário. Eis a imagem da primeira aplicação clínica da diálise peritoneal em pessoas com uremia. Se é um facto que o tratamento aliviou os sintomas da paciente temporariamente, também é verdade que esta faleceu pouco tempo depois.
Entre 1924 e 1938, nos Estados Unidos da América e na Alemanha, uma série de equipas realizaram os primeiros tratamentos de diálise peritoneal repetidos regularmente e provaram que este procedimento podia ser um substituto a curto-prazo para a função natural dos rins.
Porcelana, metal, latex e vidro – materiais esterilizáveis – foram os recursos escolhidos nos anos seguintes para garantir condições higiénicas razoáveis durante este tipo de diálise. Ainda assim, este método foi pouco solicitado, especialmente por não haver na altura um método seguro de aceder ao abdómen do paciente.
Um avanço chamado… Catéter
É o catéter que vai resolver o problema da segurança deste tipo de tratamento destinado a pessoas com insuficiência renal. E tivemos na história do século XX três importantes passos na evolução deste instrumento auxiliar. Desde o catéter flexível de Arthur Grollman, de 1952, em contraponto ao tubo rígido utilizado até então, até ao catéter permanente de silicone de Henry Tenckhoff, patenteado em 1968, passando pelo dispositivo desenvolvido por Paul Doolan em 1959, em polietileno.
Nesse mesmo ano, o físico Richard Ruben empreendeu a primeira diálise peritoneal durante um período de seis meses, utilizando o catéter Doolan, bem como um catéter permanente que pudesse manter-se na cavidade abdominal. Esta experiência revelou que os investigadores não estavam apenas apostados em tratar pacientes com doenças agudas, mas também pacientes com falência renal crónica. Porém ainda estávamos na fase da diálise peritoneal intermitente.
Três anos depois o holandês Fred Boen descrevia a primeira máquina de diálise peritoneal automática.
Também em 1964 foi introduzida a “técnica de punção repetida”. Consistia em colocar um novo cateter na cavidade abdominal em cada tratamento, um procedimento desgastante, para o doente.
O catéter permanente de Tenckhoff é introduzido em 1968 e acaba por ser instrumental na aceitação a uma maior escala da diálise peritoneal. Este cateter ainda utilizado hoje em dia.
Como complemento ao catéter, o desenvolvimento de sacos e tubos também acabariam por contribuir para o sucesso a longo prazo deste tipo de tratamento.
Palmer (1980) , Mcbride (1980?) , ISPD (1987), Krediet (2007) , Oreopoulos (2008)
HISTÓRIA DA DIÁLISE (PARTE 2) ANOS 1960: A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA QUE ILUMINOU OS DOENTES RENAIS CRÓNICOS
Só em 1960 é que o primeiro doente com Insuficiência Renal Crónica se submeteu a um tratamento regular, de uma a duas vezes por semana. Viveu mais onze anos. Conheçamos a importância do físico norte-americano Belding Scribner para este caso em concreto e para o desenvolvimento da hemodiálise em geral, depois de passarmos pela Guerra da Coreia e pela ultrafiltração vinda da Suécia.
Depois de “aterrar” no Peter Bent Brigham Hospital, em Boston, em meados dos anos 1940, o dialisador de Willem Kolff foi alvo de uma série de melhorias técnicas.
O médico holandês que concebeu o célebre “cilindro rotativo” contribuiu com uma maquete para redesenhar o seu rim artificial, a pedido do físico George W. Thorn – médico naquela unidade hospitalar americana e também protagonista desta História na década seguinte, ao participar no primeiro transplante renal com final feliz.
Desta colaboração transatlântica resultou um passo em frente na trajetória da Diálise: a construção de um rim em aço inoxidável, que levou o carimbo de “Máquina de Diálise de Kolff-Brigham”, pronta em 1948. Era a versão aperfeiçoada do trabalho pioneiro de Kolff, materializada pelo engenheiro Edward Olson. Quarenta exemplares desta máquina seriam distribuídos pelos quatro cantos do mundo.
Um dos cantos que recebeu este rim artificial, numa fase inicial, foi a Coreia. Durante a Guerra da qual saiu a divisão de um país em dois, o dialisador Kolff-Brigham serviu de recurso para tratar os soldados americanos feridos, aliados dos coreanos do sul.
No início do conflito, morriam oito em cada dez soldados com insuficiência renal pós-traumática. Perante um número tão elevado de baixas, um médico militar familiarizado com a nova máquina, levou um exemplar para um hospital de campanha na Coreia, onde se realizaram 72 tratamentos para dialisar 31 pacientes. Sob condições extremas, a diálise permitiu aumentar significativamente a média da taxa de sobrevivência dos doentes severos e fazer os médicos ganharem tempo para procedimentos clínicos adicionais.
nternational Society for Hemodialysis
A novidade da ultrafiltração
Um ano antes do lançamento da máquina Kolff-Brigham, o professor sueco Nils Alwall publicava um artigo científico em que descrevia um dialisador desenvolvido entre 1942 e 1947 que combinava os processos necessários de diálise e ultrafiltração [remoção de líquido através de um gradiente de pressão hidrostática, como ocorre na hemodiálise, ou pressão osmótica, no caso da diálise peritoneal] – feito que o primeiro rim artificial de Kolff ainda não tinha alcançado.
Semelhante ao segundo rim artificial do médico holandês, este dispositivo era introduzido num recipiente em aço inoxidável. Esta máquina permitia a remoção de fluídos, ao aplicar uma pressão negativa para um outro recetáculo exterior.
Em suma: estamos perante o primeiro dispositivo verdadeiramente prático de hemodiálise. Entre 1946 e 1960, os “shunts” arteriovenosos de vidro para a diálise e o dialisador da autoria de Alwall estiveram ao serviço do tratamento de 1500 pacientes com insuficiência renal, segundo o primeiro Congresso Internacional de Nefrologia, que aconteceu em Setembro de 1960 em Evian, em França.
Depois de “aterrar” no Peter Bent Brigham Hospital, em Boston, em meados dos anos 1940, o dialisador de Willem Kolff foi alvo de uma série de melhorias técnicas.
O médico holandês que concebeu o célebre “cilindro rotativo” contribuiu com uma maquete para redesenhar o seu rim artificial, a pedido do físico George W. Thorn – médico naquela unidade hospitalar americana e também protagonista desta História na década seguinte, ao participar no primeiro transplante renal com final feliz.
Desta colaboração transatlântica resultou um passo em frente na trajetória da Diálise: a construção de um rim em aço inoxidável, que levou o carimbo de “Máquina de Diálise de Kolff-Brigham”, pronta em 1948. Era a versão aperfeiçoada do trabalho pioneiro de Kolff, materializada pelo engenheiro Edward Olson. Quarenta exemplares desta máquina seriam distribuídos pelos quatro cantos do mundo.
Um dos cantos que recebeu este rim artificial, numa fase inicial, foi a Coreia. Durante a Guerra da qual saiu a divisão de um país em dois, o dialisador Kolff-Brigham serviu de recurso para tratar os soldados americanos feridos, aliados dos coreanos do sul.
No início do conflito, morriam oito em cada dez soldados com insuficiência renal pós-traumática. Perante um número tão elevado de baixas, um médico militar familiarizado com a nova máquina, levou um exemplar para um hospital de campanha na Coreia, onde se realizaram 72 tratamentos para dialisar 31 pacientes. Sob condições extremas, a diálise permitiu aumentar significativamente a média da taxa de sobrevivência dos doentes severos e fazer os médicos ganharem tempo para procedimentos clínicos adicionais.
nternational Society for Hemodialysis
A novidade da ultrafiltração
Um ano antes do lançamento da máquina Kolff-Brigham, o professor sueco Nils Alwall publicava um artigo científico em que descrevia um dialisador desenvolvido entre 1942 e 1947 que combinava os processos necessários de diálise e ultrafiltração [remoção de líquido através de um gradiente de pressão hidrostática, como ocorre na hemodiálise, ou pressão osmótica, no caso da diálise peritoneal] – feito que o primeiro rim artificial de Kolff ainda não tinha alcançado.
Semelhante ao segundo rim artificial do médico holandês, este dispositivo era introduzido num recipiente em aço inoxidável. Esta máquina permitia a remoção de fluídos, ao aplicar uma pressão negativa para um outro recetáculo exterior.
Em suma: estamos perante o primeiro dispositivo verdadeiramente prático de hemodiálise. Entre 1946 e 1960, os “shunts” arteriovenosos de vidro para a diálise e o dialisador da autoria de Alwall estiveram ao serviço do tratamento de 1500 pacientes com insuficiência renal, segundo o primeiro Congresso Internacional de Nefrologia, que aconteceu em Setembro de 1960 em Evian, em França.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
HISTÓRIA DA DIÁLISE (PARTE 1) DAS EXPERIÊNCIAS CANINAS À MÁQUINA DE LAVAR
História da Diálise (Part 1)
Imagen : American Academy of Achievement
O primeiro rim artificial foi testado há 100 anos num cão. À altura a história da diálise ainda estava longe de ser generosa para os humanos. Em 1945 sobrevive a primeira paciente com insuficiência renal aguda, através de sessões de 11 horas de hemodiálise. “Em casos de insuficiência renal crónica não há indicação para tratamento pelo rim artificial”, escreveu nesse ano o pai desta técnica, o holandês Willem Kolff. Onde estamos hoje, depois da descoberta do cateter? Viajemos no tempo, com um olho nas máquinas e um rim nas técnicas, sentados ao lado dos experimentos e dos protagonistas da Diálise?
Se hoje o termo diálise já flui no linguajar corrente dos nossos familiares e amigos, se ouve algumas vezes em telejornais, se há um Portal da Diálise, convém lembrar que no final dos anos 1960 ainda era um mistério bem guardado. Na década anterior, a hemodiálise ainda era experimental, circunscrita a poucos hospitais e os resultados deixavam bastante a desejar.
Olhemos para a década da Beatlemania, da alegada ida do homem à Lua e da revolução dos costumes na Europa. O que estava a comunidade científica e médica a fazer pelos doentes com insuficiência renal? Em 1965 estavam apenas identificados na Europa 150 indivíduos com esta doença. Dito de outra forma: era este o tímido número de pessoas tratadas pela hemodiálise regular. Fora destas contas ficavam, porém, milhares que morreram sem o diagnóstico correto e sem tratamento. Um desconhecimento médico generalizado contribuíra também para a invisibilidade da doença renal. Hoje cerca de dois milhões de pacientes em todo o mundo encontram-se em processos de hemodiálise.
Celofane, uma máquina de lavar e um cérebro chamado Kolff
Ao ver um rapaz a morrer de falência renal lentamente, desesperançado, o também ainda jovem médico Kolff decide descruzar os braços e pôr mãos à obra. Estamos no final da década de 1930 num hospital universitário em Groningen, na Holanda. Willem dirige-se à biblioteca da universidade e começa a pesquisar sobre a remoção de toxinas do sangue. Eis que tropeça num artigo de 1913 sobre hemodiálise em cães sem rins e compromete-se a aplicar com sucesso o dialisador em humanos. Assinava o texto que o inspirou o farmacólogo norte-americano John Abel.
Vídeo da primeira diálise gravado - realizada a um cão, em 1915 - um filme mudo clássico. O cachorro sobreviveu!
É certo que o médico alemão Georg Haas já tinha dado um passo à frente do de Abel, no final dos anos 10 e durante os 20 do século passado, ao introduzir a o anticoagulante Heparina no processo da diálise, mas a segurança e a continuidade da hemodiálise em humanos ainda não tinham sido alcançadas.
Nem a ocupação Nazi da Holanda durante a 2ª Guerra Mundial demoveu Kolff – embora pudesse ter retardado o curso da história da diálise, já que os olhos dos alemães também estavam postos neste rapaz, em risco de vida por forjar documentos.
O jovem médico foi enviado para um hospital discreto do país dos diques e das tulipas para prosseguir as suas investigações no sentido de melhorar a qualidade de vida de pessoas com insuficiência renal. Com poucos recursos técnicos e tecnológicos, improvisou. Tripas para enchidos, garrafas de sumo de laranja, papel de celofane e uma máquina de lavar roupa serviram os intentos de Willem construir uma máquina para remover as toxinas do sangue.
Esta criação levou o nome de cilindro rotativo, considerado comummente a primeira máquina de diálise. Em suma: um tubo de 20 metros de comprimento de papel celofane – a servir de membrana dialisadora – envolto de um cilindro de madeira. Enquanto este cilindro girava num tanque abastecido de uma solução dialisante, impulsionado por um motor elétrico, o sangue do paciente era retirado através do tubo de celofane pela força da gravidade. As substâncias tóxicas diluíam-se através do tubo na solução.
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
A SEXUALIDADE NA INSUFICIÊNCIA RENAL
A doença renal, à semelhança de outras doenças crónicas, pode provocar alterações físicas que implicam muitas vezes um esforço de adaptação e aceitação por parte do doente. A estabilidade psicológica e emocional do doente e o apoio do parceiro/família é fundamental para que esta adaptação ocorra. A sexualidade é parte fundamental deste equilíbrio. Sentir-se amado, acarinhado, desejado e apoiado, traz uma sensação de “normalidade” ao doente, contribui para o seu bem-estar, e ajuda a ultrapassar as adversidades que enfrenta.
A sexualidade é um tópico muitas vezes difícil de abordar, não só com os profissionais de saúde, mas também muitas vezes entre o casal. Este tema surge com o intuito de esclarecer algumas dúvidas em relação à sexualidade, ajudar o doente a sentir-se confortável para falar sobre o assunto e a promover a procura de ajuda junto dos profissionais de saúde.
Sexualidade
A sexualidade, contrariamente ao que muitas pessoas pensam, não se resume apenas ao ato sexual. Pode envolver várias atividades sexuais que podem ou não incluir o ato sexual, como abraços, carícias e beijos.
A sexualidade é uma parte importante das pessoas pois influencia o modo como se sentem consigo próprias, como percecionam a sua imagem corporal, como comunicam e estabelecem relações com os outros e como nos sentimos em relação aos outros. Inclui sensações de desejo, satisfação, amor, perda, dor, intimidade, solidão, partilha, toque, carência, ciúme, rejeição, alegria e muitos outros.
Manter uma relação requer tempo, esforço e compreensão. Este trabalho pode ser mais exigente quando envolve um parceiro com uma doença crónica. Existem muitas maneiras de expressar intimidade, sentir satisfação e satisfazer o nosso parceiro. Torna-se fundamental que haja comunicação e que a sexualidade seja explorada, de modo a compreender as necessidades de cada um.
Doença Renal e Sexualidade
A Insuficiência Renal pode provocar alterações físicas e hormonais que afetam a vida da pessoa. Muitas vezes estas alterações têm impacto na vida pessoal, mais concretamente na sexualidade (na maneira como vê o seu corpo), podendo sentir-se menos atraente sexualmente. Com todas estas alterações e adaptações a esta nova fase da vida, a prática de sexo, ou simplesmente pensar nisso, poderá ser a última coisa a passar pela cabeça de um insuficiente renal.
Se existia uma boa relação e comunicação com o parceiro antes de ter ficar doente, é possível ultrapassar e compreender com mais facilidade estas modificações. Caso isso não se verifique, poderá precisar de ajuda dos profissionais de saúde.
Alterações físicas na insuficiência renal que podem afectar a sexualidade
Odor corporal e mau hálito – altos níveis de ureia podem provocar um cheiro característico que varia em intensidade de pessoa para pessoa;
Equimoses (nódoas negras) – alguns medicamentos podem alterar a coagulação do sangue, fazendo com que facilmente apareçam equimoses que perduram por muito tempo;
Diminuição dos níveis de energia (cansaço) – os ganhos de peso, falta de exercício e cansaço fácil resultante da anemia podem diminuir os níveis de energia para realizar as atividades diárias;
Excesso de líquidos – edema (“inchaço”) das pernas, cara e outras partes do corpo por excesso de ingestão de líquidos entre sessões de hemodiálise e distensão abdominal pelo líquido (no caso de doentes em diálise peritoneal);
Perda de cabelo ou aparecimento de pêlos em excesso – resultante do tratamento com medicamentos esteróides;
Diminuição da capacidade para atingir o orgasmo – alterações químicas afetam a função dos nervos, diminuindo a sua sensibilidade;
Alteração da pele – pode sentir prurido (“comichão”), pele seca e alterações da coloração da pele.
Fonte: portaldialise
A sexualidade é um tópico muitas vezes difícil de abordar, não só com os profissionais de saúde, mas também muitas vezes entre o casal. Este tema surge com o intuito de esclarecer algumas dúvidas em relação à sexualidade, ajudar o doente a sentir-se confortável para falar sobre o assunto e a promover a procura de ajuda junto dos profissionais de saúde.
Sexualidade
A sexualidade, contrariamente ao que muitas pessoas pensam, não se resume apenas ao ato sexual. Pode envolver várias atividades sexuais que podem ou não incluir o ato sexual, como abraços, carícias e beijos.
A sexualidade é uma parte importante das pessoas pois influencia o modo como se sentem consigo próprias, como percecionam a sua imagem corporal, como comunicam e estabelecem relações com os outros e como nos sentimos em relação aos outros. Inclui sensações de desejo, satisfação, amor, perda, dor, intimidade, solidão, partilha, toque, carência, ciúme, rejeição, alegria e muitos outros.
Manter uma relação requer tempo, esforço e compreensão. Este trabalho pode ser mais exigente quando envolve um parceiro com uma doença crónica. Existem muitas maneiras de expressar intimidade, sentir satisfação e satisfazer o nosso parceiro. Torna-se fundamental que haja comunicação e que a sexualidade seja explorada, de modo a compreender as necessidades de cada um.
Doença Renal e Sexualidade
A Insuficiência Renal pode provocar alterações físicas e hormonais que afetam a vida da pessoa. Muitas vezes estas alterações têm impacto na vida pessoal, mais concretamente na sexualidade (na maneira como vê o seu corpo), podendo sentir-se menos atraente sexualmente. Com todas estas alterações e adaptações a esta nova fase da vida, a prática de sexo, ou simplesmente pensar nisso, poderá ser a última coisa a passar pela cabeça de um insuficiente renal.
Se existia uma boa relação e comunicação com o parceiro antes de ter ficar doente, é possível ultrapassar e compreender com mais facilidade estas modificações. Caso isso não se verifique, poderá precisar de ajuda dos profissionais de saúde.
Alterações físicas na insuficiência renal que podem afectar a sexualidade
Odor corporal e mau hálito – altos níveis de ureia podem provocar um cheiro característico que varia em intensidade de pessoa para pessoa;
Equimoses (nódoas negras) – alguns medicamentos podem alterar a coagulação do sangue, fazendo com que facilmente apareçam equimoses que perduram por muito tempo;
Diminuição dos níveis de energia (cansaço) – os ganhos de peso, falta de exercício e cansaço fácil resultante da anemia podem diminuir os níveis de energia para realizar as atividades diárias;
Excesso de líquidos – edema (“inchaço”) das pernas, cara e outras partes do corpo por excesso de ingestão de líquidos entre sessões de hemodiálise e distensão abdominal pelo líquido (no caso de doentes em diálise peritoneal);
Perda de cabelo ou aparecimento de pêlos em excesso – resultante do tratamento com medicamentos esteróides;
Diminuição da capacidade para atingir o orgasmo – alterações químicas afetam a função dos nervos, diminuindo a sua sensibilidade;
Alteração da pele – pode sentir prurido (“comichão”), pele seca e alterações da coloração da pele.
Fonte: portaldialise
segunda-feira, 28 de julho de 2014
BATATA YACON: Insulina natural para diabéticos
Apelidada popularmente de “insulina natural”, a batata yacon ganhou destaque depois que pesquisadores da Universidade de Fukushima, no Japão, encontraram nela uma substância semelhante à insulina, capaz de reduzir as taxas de glicose no sangue. Esses estudos concluíram que o tubérculo, originário dos Andes, pode contribuir no tratamento de diabetes. O efeito benéfico decorre de uma interessante combinação de nutrientes. O carboidrato presente ali, a inulina, é um tipo de açúcar de baixa caloria, que não promove picos de glicemia, embora garanta o aporte de energia necessário às atividades diárias. Além disso, fornece fibras alimentares, que estimulam a flora bacteriana intestinal — por isso ela também é indicada em casos de prisão de ventre e colesterol elevado. E ainda traz porções de potássio, um mineral que auxilia no controle da pressão arterial.
Alimento poderoso
Já ouviu falar em amido resistente? O nome é dado ao amido que resiste às enzimas digestivas. Ele estimula a atividade intestinal e desacelera o esvaziamento gástrico. Devido a estas características, reduz a quantidade de insulina em circulação e contribui para maior sensação de saciedade. Pesquisas revelam que o amido resistente pode colaborar na prevenção e tratamento do diabetes tipo 2. Suas fontes são tubérculos como batata e mandioca, leguminosas como feijão e grão-de- bico, além de cereais integrais. A batata yacon não fornece amido, mas outro componente que não fica nada a dever, a inulina. Por chegar íntegra ao intestino grosso, ela também evita as perigosas altas nas taxas de açúcar.
Como consumir
Para se obter os melhores resultados, a batata yacon deve ser consumida crua como uma fruta, não frita ou cozida. Com aparência de batata-doce, ela tem a textura porosa e o sabor semelhante ao da pera. Coma de três a quatro fatias por dia. Ou faça um chá com suas folhas e tome duas vezes ao dia.
Fonte: Revista Viva Saúde
Alimento poderoso
Já ouviu falar em amido resistente? O nome é dado ao amido que resiste às enzimas digestivas. Ele estimula a atividade intestinal e desacelera o esvaziamento gástrico. Devido a estas características, reduz a quantidade de insulina em circulação e contribui para maior sensação de saciedade. Pesquisas revelam que o amido resistente pode colaborar na prevenção e tratamento do diabetes tipo 2. Suas fontes são tubérculos como batata e mandioca, leguminosas como feijão e grão-de- bico, além de cereais integrais. A batata yacon não fornece amido, mas outro componente que não fica nada a dever, a inulina. Por chegar íntegra ao intestino grosso, ela também evita as perigosas altas nas taxas de açúcar.
Como consumir
Para se obter os melhores resultados, a batata yacon deve ser consumida crua como uma fruta, não frita ou cozida. Com aparência de batata-doce, ela tem a textura porosa e o sabor semelhante ao da pera. Coma de três a quatro fatias por dia. Ou faça um chá com suas folhas e tome duas vezes ao dia.
Fonte: Revista Viva Saúde
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Prática de corrida pode curar Diabetes tipo 2
Um estudo concluiu que a prática de corrida de alta intensidade por 20 minutos, três vezes na semana pode curar a diabetes tipo 2 (Foto: Divulgação)
Um estudo realizado pela Academia Americana de Exercício e Esporte com pessoas sedentárias há, pelo menos, dois anos, concluiu que a prática de corrida de alta intensidade por 20 minutos, três vezes na semana, ou a corrida ou caminhada de média intensidade por 60 minutos, três vezes na semana, pode curar a diabetes tipo 2.
Antes de iniciar o programa, os voluntários foram submetidos a exames de sangue e o comparativo, três meses depois, mostrou que o nível de glicose foi reduzido consideravelmente após a prática dos exercícios físicos. "Isso se deve a um estado de diminuição da resistência periférica à insulina (a causa da diabetes tipo 2). Ou seja, embora continue a produzir a mesma quantidade do hormônio, o paciente deixa de ser diabético, pois a sua musculatura e os órgãos passam a usar de maneira mais eficiente essa mesma quantidade para transformar a glicose em energia, diminuindo seus níveis no sangue além do benefício da perda de peso da pessoa que faz com que seja necessária uma quantidade menor de insulina para o metabolismo normal", explica o Dr. Leandro Gregorut, ortopedista especializado em Medicina Esportiva da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Segundo Gregorut, o benefício da atividade física pode ser sentido por qualquer pessoa, em qualquer faixa etária, mas é preciso ter alguns cuidados. "Todo paciente, antes de iniciar uma atividade física, deve passar por uma avaliação de um médico para que sejam feitos os exames que possam dosar a quantidade de exercícios que devem ser realizados com segurança. Após o inicio, o ideal é que a prática seja orientada por um profissional do esporte, como um professor de Educação Física. Caso isso não seja feito, o paciente pode ficar exposto a problemas cardíacos e até mesmo ortopédicos", alerta.
Fonte:Pró-Rim
Um estudo realizado pela Academia Americana de Exercício e Esporte com pessoas sedentárias há, pelo menos, dois anos, concluiu que a prática de corrida de alta intensidade por 20 minutos, três vezes na semana, ou a corrida ou caminhada de média intensidade por 60 minutos, três vezes na semana, pode curar a diabetes tipo 2.
Antes de iniciar o programa, os voluntários foram submetidos a exames de sangue e o comparativo, três meses depois, mostrou que o nível de glicose foi reduzido consideravelmente após a prática dos exercícios físicos. "Isso se deve a um estado de diminuição da resistência periférica à insulina (a causa da diabetes tipo 2). Ou seja, embora continue a produzir a mesma quantidade do hormônio, o paciente deixa de ser diabético, pois a sua musculatura e os órgãos passam a usar de maneira mais eficiente essa mesma quantidade para transformar a glicose em energia, diminuindo seus níveis no sangue além do benefício da perda de peso da pessoa que faz com que seja necessária uma quantidade menor de insulina para o metabolismo normal", explica o Dr. Leandro Gregorut, ortopedista especializado em Medicina Esportiva da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Segundo Gregorut, o benefício da atividade física pode ser sentido por qualquer pessoa, em qualquer faixa etária, mas é preciso ter alguns cuidados. "Todo paciente, antes de iniciar uma atividade física, deve passar por uma avaliação de um médico para que sejam feitos os exames que possam dosar a quantidade de exercícios que devem ser realizados com segurança. Após o inicio, o ideal é que a prática seja orientada por um profissional do esporte, como um professor de Educação Física. Caso isso não seja feito, o paciente pode ficar exposto a problemas cardíacos e até mesmo ortopédicos", alerta.
Fonte:Pró-Rim
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